
A defesa de três arguidos do processo No Name Boys pediu esta terça-feira a nulidade de parte da acusação, alegando que a investigação do crime de associação criminosa é da competência da Polícia Judiciária e não da PSP.
Elementos do núcleo duro da claque não legalizada do Benfica No Name Boys começaram hoje a ser julgados por associação criminosa, tráfico de droga, posse de armas e ofensa à integridade física, furto, roubo e outros crimes.
A advogada Ligia Borbinha apresentou um requerimento ao tribunal alegando que a investigação do crime de associação criminosa, imputado pelo Ministério Público a alguns dos 38 arguidos, é da "competência exclusiva da Polícia Judiciária". A sustentação da causídica assenta na Lei 49/2008 de investigação criminal.
Os atos de violência do núcleo duro dos No Name Boys foram investigados pela 3.ª Esquadra de Investigação Criminal da PSP a partir de 2008.
O colectivo de juízes da 5.ª Vara Criminal de Lisboa começou por afirmar que foram imputados mais crimes a cinco dos arguidos dos que inicialmente constavam na acusação.
Os arguidos hoje ouvidos, muitos dos quais não quiseram prestar depoimento, negaram todos os factos, nomeadamente que a claque do Benfica tinha "líderes" e que eram o "braço armado" do clube.
Todos afirmaram que a missão da claque era apenas "apoiar e acompanhar o Benfica", que não tinham instalações no clube e que não recebiam bilhetes a preços mais baixos para depois os revenderem.
Sobre a relação com as claques de clubes adversários, nomeadamente Sporting e FC Porto, os arguidos garantiram que os confrontos eram espontâneos, não planeados e muitas vezes eram ameaçados através de sites da Internet.
Miguel Claro, um dos detidos, garantiu que as 100 gramas de haxixe encontradas eram para consumo próprio e que as armas que lhe foram apreendidas (soqueira, taco, pistola) eram para "defesa pessoal".
Segundo a acusação, os acusados praticaram crimes "minuciosamente planeados e executados com superioridade numérica e mediante a utilização de meios especialmente perigosos".
Para o Ministério Público (MP), os No Name Boys agiam "motivados por ódio e intuitos de destruição, sem motivação relevante, contra elementos das claques" do Sporting e do FC Porto.
Os principais arguidos são acusados de ações violentas contra elementos afetos à claque do Sporting Juve Leo, tendo um sofrido "socos, pontapés e facadas" e ainda sido queimado "com uma tocha". Todas estas acusações foram negadas pelos arguidos que hoje prestaram declarações.
O julgamento prossegue quarta-feira no Campus de Justiça de Lisboa.
Os Binos